Olá amigos.
Coloco aqui a versão 1 do módulo (íntegra em PDF) tratando sobre triangulação de posição , técnica avançada de navegação terrestre, que futuramente será incorporado a nossa apostila.
Esperamos que gostem. Qualquer dúvida entrem em contato.
TRIANGULAÇÃO
TRIANGULAÇÃO é uma técnica avançada de navegação de
extrema importância para o navegador competente.
Trata-se de um método trigonométrico, de solução
gráfica ou de cálculo, que visa estimar a posição do observador (navegador) no
terreno desconhecido ou mesmo calcular as coordenadas exatas de um ponto ou
posição.
Ou seja, a triangulação é uma maneira de uma pessoa
(navegador/observador) identificar aonde ela está num terreno desconhecido por
meio da observação de pontos conhecidos que estejam em mapa ou carta do local
aonde se esteja. Tais pontos podem ser montanhas, rios, igrejas, torres de
energia, lagos etc. Qualquer ponto de referência identificável e que esteja
presente tanto no mapa quanto no mundo observável da pessoa, desde que visível
de onde ela esteja tentando se localizar.
O número de pontos pode ser 1, 2, 3, 4 ou mais. A
precisão e complexidade das soluções (matemáticas via cálculo) aumentam com o
aumento do número dos pontos observados.
É possível utilizar apenas 1 ponto para auxiliar na
minha localização no terreno. Porém, a precisão desta localização será bem ruim
e limitada a minha capacidade de me colocar com precisão sobre uma linha cujo
comprimento pode ser infinito.
A maneira mais fácil e rápida de se utilizar a
técnica é com DOIS (02) pontos, cujos vértices serão os 2 pontos escolhidos
para observação e o terceiro ponto será a localização do indivíduo, formando
assim um triângulo.
Mais precisamente, utilizar-se-á 3 pontos
observáveis a fim de aumentar a precisão e onde então a posição do indivíduo
estaria em algum lugar dentro do triângulo formado pela interseção das retas
derivadas dos alinhamentos destes pontos observáveis.
APRESENTAREI EXEMPLOS GRAFICOS a fim de demonstrar o
conceito!
A triangulação é uma capacitação básica do navegador
de terra ou mar, sendo de grande importância na navegação marítima. Cita-se a
fim de curiosidade, o método de Pothenot cuja solução calculista é de grande
complexidade, utilizando 3 pontos obrigatórios e fórmulas trigonométricas
complexas para obter precisão milimétrica na coordenada. Já sua formulação
GRAFICA, embora ainda não fácil, é de rápida e simples de aplicação na nave
sobre a carta.
FELIZMENTE para nós NAVEGADORES TERRESTRES tal
solução não é necessária e conseguimos com 1, 2 ou 3 pontos, uma bússola e um
mapa facilmente nos posicionar no terreno. E sem muita prática. Apenas
entendendo bem os conceitos.
Verdade que sem bússola é possível se posicionar
avistando bem pontos de referência e posicionando o mapa/carta no terreno de
modo a que tais pontos estejam alinhados ao mapa. Mas com uma bússola o
resultado é preciso e mais fácil.
O que é preciso? O mapa local, bússola,
lápis/caneta, régua ou improvisação de uma. E o MAIS IMPORTANTE: o conceito de
CONTRA-AZIMUTE ou Azimute Inverso que vimos nos workshops de navegação de
fazemos na escola.
CONTRA AZIMUTE: é o azimute inverso a leitura atual da bússola e é
calculado via o complemento do azimute lido sobre o círculo inteiro (360
graus).
De forma simples
executa-se uma SOMA ou SUBTRAÇÃO de 180 graus ao azimute lido de acordo com a
seguinte regra:
Azimute lido <
180 graus -> SOME 180 graus
Azimute lido >
180 graus -> SUBTRAIA 180 graus
*Caso o Azimute seja 0 graus (360) o contra será 180
e vice-versa
O AZUMUTE INVERSO
NADA MAIS É QUE A DIREÇÃO OPOSTA A ATUAL!
Na prática a utilidade dele é saber qual direção
deve ser seguida a fim de voltar a um ponto de origem ou ainda qual direção
estamos de um ponto de referência.
EXEMPLO: Pedro sai de uma trilha que está fazendo em
floresta fechada e avista do cume do morro em que está uma árvore bem grande
bem no centro de um vasto pasto e decide que quer chegar até a tal árvore. Ele pensa,
porém, que se deixar a trilha, irá se perder e ser incapaz de encontrar o ponto
de onde deixou a trilha e assim poderá ficar vagando sem rumo e acabar por
entrar em uma situação de resgate. Ele então se lembra que no curso de
navegação aprendeu como voltar a ponto inicial tirando o contra azimute de seu
destino (árvore!). Ele então procede da seguinte maneira: da boca da mata tira
o azimute para a árvore. Az.=342 graus. Como o Azimute (Az.) é maior que 180
graus ele faz a regra:
342 - 180 = 162 graus
Assim ele sabe que quando desejar voltar da árvore para boca de mato de onde saiu, ele
deve seguir o Azimute 162 graus e assim não se perderá e chegará na boca da
mata de onde saiu.
De maneira simples é assim que o contra azimute funciona. Para o perfeito entendimento e aplicação é
ideal fazerem um curso de navegação!
DE VOLTA A TRIANGULAÇÃO
Se o Az. inverso é a direção a ser seguida do
destino voltando à origem, então ele pode ser usado para resolver nosso
problema de localização em terreno desconhecido (triangulação de posição )!
Por meio de sucessivas visadas de azimute a
"alvos" (pontos de referência) e cálculo de seus respectivos contra
azimutes e traçando linhas retas partindo destes pontos de referência com os
respectivos azimutes inversos, nós estabelecemos a direção de nossa posição
partindo dos "alvos". O resultado - intersecção - de tais retas é a
triangulação de nossa posição...
Abaixo um esquema simples de triangulação com 3
pontos:
Neste caso 1, a posição do indivíduo (no aqui mapa está
como o triângulo roxo) está sendo determinada pela intersecção das 03 retas
saindo dos pontos “alvos” identificados pelos círculos roxos.
VEJA que a mesma
posição poderia ter sido determinada com apenas 02 (dois) pontos pois ainda
assim teríamos uma intersecção.
De que maneira fazemos isso?
Arthur, nosso indivíduo perdido, não sabe onde está
... ele porém tem um mapa da região, uma bússola e sabe o que fazer. Ele
analisa o mapa e determina que nele existem pontos notáveis que pode usar para
se localizar pois se ele conseguir identificar
tais pontos do mapa no terreno real, ele poderá tirar o azimute destes
pontos de onde está pelo inverso dos azimutes. Ele então;
1.
identifica cumes de morros e paredões rochosos
separados por vales que estão bem claros no mapa da região,
2.
tira o azimute dos cumes e calcula o inverso dos mesmos
3.
depois a partir
de cada um dos cumes de cada ponto ele traça uma linha seguindo o azimute inverso calculado
4.
o ponto onde as linhas se cruzam será a posição
aproximada de Arthur no terreno!
5.
Sabendo sua posição, ele pode então decidir qual
atitude tomar.
Por vezes desorientados.... perdidos NUNCA. O
navegador competente mantém sempre a calma pois aprendeu e praticou muito.
Quais fatores podem atrapalhar a triangulação?
Leitura incorreta do azimute e falha na identificação dos “alvos” são os mais
comuns.
Vejamos outros
exemplos.
Na próxima página veremos a situação mais difícil....
execução de triangulação com apenas 1 ponto alvo
Aqui o “bicho pega”. Como não temos pelo menos 2
retas não temos uma intersecção! Como determinar nossa posição se podemos estar
em qualquer ponto sobre a reta constituída pelo azimute inverso!?!
Arthur de sua posição desconhecida, tira azimute ao
cume de monte escarpado bem distinguível (Az.333 graus). Ele sabe então que sua
posição está em algum lugar sobre a reta traçada, com azimute inverso 153 graus (333 – 180)... mas onde
exatamente? No areal? Ele sabe que está se mantendo na trilha então sua posição
deve ser algum dos pontos onde a reta cruza a trilha.... Aqui são os triângulos
roxos. Ele analisa que seguiu pela trilha que margeou o lago e não passou por
nenhum paredão rochoso, então seguiu pela trilha de cima, ao Norte. A situação
não ficou tão mais fácil visto que pela trilha do Sul ele teria apenas 01
pontos óbvios, mas na ao Norte ele tem 03! Ele, porém, analisa mais e lembra de
ter tomado direção Sul logo após cruzar o lago e que realmente passou por um
areal e terreno cheio de patacões, inferindo assim que esteja, dado o tempo de
caminhada, já bem ao Sul e Leste deste ponto. Ele então está certo de que sua
posição esteja no segundo triângulo mais ao Sul.
Como prova ele verificará que seu rumo na trilha se
tornará NE e assim continuará por um bom período.
OBS: vemos aqui como é importante para um navegador
a manutenção de atenção aos detalhes de terreno pelos quais passa ao longo da
caminhada, pois eles serão decisivos para sua capacidade de localização de si e
seu grupo.
Saber ler um mapa / carta e interpretar suas
informações são habilidades que fazem os bons navegadores.
DETALHES IDENTIFICÁVEIS EM CARTAS QUE PODDEM SER
USADOS PARA DETERMINAR NOSSA POSIÇÃO APROXIMADA
Arthur poderia ter, por exemplo, utilizado as curvas
de nível de um morro para identificar em qual posição ele está. Arvores e ilhas
de vegetação. Talvegues, vales, riachos, ruínas etc.
Mais um exemplo:
OBS: Não é aconselhável que os pontos alvos estejam
a mais de 130 graus entre eles pois muito frequentemente as retas de tais observações
não são usáveis. O mesmo dá-se com ângulos (azimutes) muito agudos, que irão
causar “falsos positivos” posições deslocadas.
Mantenha sempre
visadas entre 50 graus e 130 graus entre os pontos extremos.
No caso acima, o exemplo 3, usamos 03 alvos para
melhor precisão, cujas retas formam o triângulo posicional mostrado, com as retas chegando nos vértices do triângulo e
a posição de Arthur estando em algum local dentro deste triângulo.
Arthur tira a visada de 3 pontos notáveis do terreno
que estão no mapa:
1.
O lago, com Az. 80 e distancia medida 2.5km, Az.Inverso
260
2.
A fábrica com Az. 49, distância 2.7km e Az.Inv. 229
3.
Cume escarpado com Az. 6 graus, distância 2.6 km e
Az.Inv. 186 graus.
Dos destinos (pontos alvos lago, fábrica e cume)
Arthur traça retas partindo destes pontos que visou, usando o azimute INVERSO e a região
onde as 3 retas se encontrarem será sua posição aproximada.
OBS: para dúvidas ou para relembrar como tirar
azimutes ou traçá-los no mapa sugerimos o navegador vir realizar algum workshop
na Escola Mestre Selva.
Esperamos que esta introdução tenha
sido proveitosa para a compreensão da técnica gráfica de triangulação e de
forma didática para que seu emprego possa ser feito em caso de necessidade.
TREINE E ESTUDE
Estamos abertos para receber na escola quem tiver
interesse em se capacitar no assunto cartografia e navegação.
Cumprimentos
Tony Loureiro, instrutor coordenador da Escola
Mestre Selva membra CONFE-SUR no RJ.
Especialista em sobrevivência, cartografia e
ciências geomáticas; cartógrafo, agrimensor e topógrafo.
Contatos:
Tel/Zap: (21) 98101-5086
FB e Instagram @mestreselva
Web: cursomestreselva@blogspot.com
YouTube: mestreselva
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