segunda-feira, 19 de julho de 2021

Aula TRIANGULAÇÃO - Navegação Terrestre

 Olá amigos.

Coloco aqui a versão 1 do módulo (íntegra em PDF) tratando sobre triangulação de posição , técnica avançada de navegação terrestre, que futuramente será incorporado a nossa apostila.

Esperamos que gostem. Qualquer dúvida entrem em contato.


                TRIANGULAÇÃO

 

TRIANGULAÇÃO é uma técnica avançada de navegação de extrema importância para o navegador competente.

Trata-se de um método trigonométrico, de solução gráfica ou de cálculo, que visa estimar a posição do observador (navegador) no terreno desconhecido ou mesmo calcular as coordenadas exatas de um ponto ou posição.

Ou seja, a triangulação é uma maneira de uma pessoa (navegador/observador) identificar aonde ela está num terreno desconhecido por meio da observação de pontos conhecidos que estejam em mapa ou carta do local aonde se esteja. Tais pontos podem ser montanhas, rios, igrejas, torres de energia, lagos etc. Qualquer ponto de referência identificável e que esteja presente tanto no mapa quanto no mundo observável da pessoa, desde que visível de onde ela esteja tentando se localizar.

 

O número de pontos pode ser 1, 2, 3, 4 ou mais. A precisão e complexidade das soluções (matemáticas via cálculo) aumentam com o aumento do número dos pontos observados.

 

É possível utilizar apenas 1 ponto para auxiliar na minha localização no terreno. Porém, a precisão desta localização será bem ruim e limitada a minha capacidade de me colocar com precisão sobre uma linha cujo comprimento pode ser infinito.

A maneira mais fácil e rápida de se utilizar a técnica é com DOIS (02) pontos, cujos vértices serão os 2 pontos escolhidos para observação e o terceiro ponto será a localização do indivíduo, formando assim um triângulo.

Mais precisamente, utilizar-se-á 3 pontos observáveis a fim de aumentar a precisão e onde então a posição do indivíduo estaria em algum lugar dentro do triângulo formado pela interseção das retas derivadas dos alinhamentos destes pontos observáveis.

 

APRESENTAREI EXEMPLOS GRAFICOS a fim de demonstrar o conceito!

 

A triangulação é uma capacitação básica do navegador de terra ou mar, sendo de grande importância na navegação marítima. Cita-se a fim de curiosidade, o método de Pothenot cuja solução calculista é de grande complexidade, utilizando 3 pontos obrigatórios e fórmulas trigonométricas complexas para obter precisão milimétrica na coordenada. Já sua formulação GRAFICA, embora ainda não fácil, é de rápida e simples de aplicação na nave sobre a carta.

FELIZMENTE para nós NAVEGADORES TERRESTRES tal solução não é necessária e conseguimos com 1, 2 ou 3 pontos, uma bússola e um mapa facilmente nos posicionar no terreno. E sem muita prática. Apenas entendendo bem os conceitos.

 

Verdade que sem bússola é possível se posicionar avistando bem pontos de referência e posicionando o mapa/carta no terreno de modo a que tais pontos estejam alinhados ao mapa. Mas com uma bússola o resultado é preciso e mais fácil.

 

O que é preciso? O mapa local, bússola, lápis/caneta, régua ou improvisação de uma. E o MAIS IMPORTANTE: o conceito de CONTRA-AZIMUTE ou Azimute Inverso que vimos nos workshops de navegação de fazemos na escola.

 

CONTRA AZIMUTE: é o azimute inverso a leitura atual da bússola e é calculado via o complemento do azimute lido sobre o círculo inteiro (360 graus).

De forma simples executa-se uma SOMA ou SUBTRAÇÃO de 180 graus ao azimute lido de acordo com a seguinte regra:

 

Azimute lido < 180 graus -> SOME 180 graus

Azimute lido > 180 graus -> SUBTRAIA 180 graus

 

*Caso o Azimute seja 0 graus (360) o contra será 180 e vice-versa

 

O AZUMUTE INVERSO NADA MAIS É QUE A DIREÇÃO OPOSTA A ATUAL!

 

Na prática a utilidade dele é saber qual direção deve ser seguida a fim de voltar a um ponto de origem ou ainda qual direção estamos de um ponto de referência.

 

EXEMPLO: Pedro sai de uma trilha que está fazendo em floresta fechada e avista do cume do morro em que está uma árvore bem grande bem no centro de um vasto pasto e decide que quer chegar até a tal árvore. Ele pensa, porém, que se deixar a trilha, irá se perder e ser incapaz de encontrar o ponto de onde deixou a trilha e assim poderá ficar vagando sem rumo e acabar por entrar em uma situação de resgate. Ele então se lembra que no curso de navegação aprendeu como voltar a ponto inicial tirando o contra azimute de seu destino (árvore!). Ele então procede da seguinte maneira: da boca da mata tira o azimute para a árvore. Az.=342 graus. Como o Azimute (Az.) é maior que 180 graus ele faz a regra:

 

342 - 180 = 162 graus

Assim ele sabe que quando desejar voltar da árvore para boca de mato de onde saiu, ele deve seguir o Azimute 162 graus e assim não se perderá e chegará na boca da mata de onde saiu.

 

De maneira simples é assim que o contra azimute funciona. Para o perfeito entendimento e aplicação é ideal fazerem um curso de navegação!

 

DE VOLTA A TRIANGULAÇÃO

 

Se o Az. inverso é a direção a ser seguida do destino voltando à origem, então ele pode ser usado para resolver nosso problema de localização em terreno desconhecido (triangulação de posição )!

Por meio de sucessivas visadas de azimute a "alvos" (pontos de referência) e cálculo de seus respectivos contra azimutes e traçando linhas retas partindo destes pontos de referência com os respectivos azimutes inversos, nós estabelecemos a direção de nossa posição partindo dos "alvos". O resultado - intersecção - de tais retas é a triangulação de nossa posição...

Abaixo um esquema simples de triangulação com 3 pontos:

 

 

 

Neste caso 1, a posição do indivíduo (no aqui mapa está como o triângulo roxo) está sendo determinada pela intersecção das 03 retas saindo dos pontos “alvos” identificados pelos círculos roxos.

VEJA que a mesma posição poderia ter sido determinada com apenas 02 (dois) pontos pois ainda assim teríamos uma intersecção.

De que maneira fazemos isso?

Arthur, nosso indivíduo perdido, não sabe onde está ... ele porém tem um mapa da região, uma bússola e sabe o que fazer. Ele analisa o mapa e determina que nele existem pontos notáveis que pode usar para se localizar pois se ele conseguir identificar tais pontos do mapa no terreno real, ele poderá tirar o azimute destes pontos de onde está pelo inverso dos azimutes. Ele então;

1.       identifica cumes de morros e paredões rochosos separados por vales que estão bem claros no mapa da região, 

2.       tira o azimute dos cumes e calcula o inverso dos mesmos

3.       depois a partir de cada um dos cumes de cada ponto ele traça uma linha seguindo o azimute inverso calculado 

4.       o ponto onde as linhas se cruzam será a posição aproximada de Arthur no terreno!

5.       Sabendo sua posição, ele pode então decidir qual atitude tomar.

 

Por vezes desorientados.... perdidos NUNCA. O navegador competente mantém sempre a calma pois aprendeu e praticou muito.

Quais fatores podem atrapalhar a triangulação? Leitura incorreta do azimute e falha na identificação dos “alvos” são os mais comuns.

Vejamos outros exemplos.

 

 

Na próxima página veremos a situação mais difícil.... execução de triangulação com apenas 1 ponto alvo

 

 

Aqui o “bicho pega”. Como não temos pelo menos 2 retas não temos uma intersecção! Como determinar nossa posição se podemos estar em qualquer ponto sobre a reta constituída pelo azimute inverso!?!

Arthur de sua posição desconhecida, tira azimute ao cume de monte escarpado bem distinguível (Az.333 graus). Ele sabe então que sua posição está em algum lugar sobre a reta traçada, com azimute inverso   153 graus (333 – 180)... mas onde exatamente? No areal? Ele sabe que está se mantendo na trilha então sua posição deve ser algum dos pontos onde a reta cruza a trilha.... Aqui são os triângulos roxos. Ele analisa que seguiu pela trilha que margeou o lago e não passou por nenhum paredão rochoso, então seguiu pela trilha de cima, ao Norte. A situação não ficou tão mais fácil visto que pela trilha do Sul ele teria apenas 01 pontos óbvios, mas na ao Norte ele tem 03! Ele, porém, analisa mais e lembra de ter tomado direção Sul logo após cruzar o lago e que realmente passou por um areal e terreno cheio de patacões, inferindo assim que esteja, dado o tempo de caminhada, já bem ao Sul e Leste deste ponto. Ele então está certo de que sua posição esteja no segundo triângulo mais ao Sul. 

Como prova ele verificará que seu rumo na trilha se tornará NE e assim continuará por um bom período.

 

 

OBS: vemos aqui como é importante para um navegador a manutenção de atenção aos detalhes de terreno pelos quais passa ao longo da caminhada, pois eles serão decisivos para sua capacidade de localização de si e seu grupo.

Saber ler um mapa / carta e interpretar suas informações são habilidades que fazem os bons navegadores.

 

DETALHES IDENTIFICÁVEIS EM CARTAS QUE PODDEM SER USADOS PARA DETERMINAR NOSSA POSIÇÃO APROXIMADA

Arthur poderia ter, por exemplo, utilizado as curvas de nível de um morro para identificar em qual posição ele está. Arvores e ilhas de vegetação. Talvegues, vales, riachos, ruínas etc.

 

Mais um exemplo:

 

 

OBS: Não é aconselhável que os pontos alvos estejam a mais de 130 graus entre eles pois muito frequentemente as retas de tais observações não são usáveis. O mesmo dá-se com ângulos (azimutes) muito agudos, que irão causar “falsos positivos” posições  deslocadas.

 

 

Mantenha sempre visadas entre 50 graus e 130 graus entre os pontos extremos.

No caso acima, o exemplo 3, usamos 03 alvos para melhor precisão, cujas retas formam o triângulo posicional mostrado, com as retas chegando nos vértices do triângulo e a posição de Arthur estando em algum local dentro deste triângulo.

Arthur tira a visada de 3 pontos notáveis do terreno que estão no mapa:

1.       O lago, com Az. 80 e distancia medida 2.5km, Az.Inverso 260

2.       A fábrica com Az. 49, distância 2.7km e Az.Inv. 229

3.       Cume escarpado com Az. 6 graus, distância 2.6 km e Az.Inv. 186 graus.

 

Dos destinos (pontos alvos lago, fábrica e cume) Arthur traça retas partindo destes pontos que visou, usando o azimute INVERSO e a região onde as 3 retas se encontrarem será sua posição aproximada.

 

OBS: para dúvidas ou para relembrar como tirar azimutes ou traçá-los no mapa sugerimos o navegador vir realizar algum workshop na Escola Mestre Selva.

 

Esperamos que esta introdução tenha sido proveitosa para a compreensão da técnica gráfica de triangulação e de forma didática para que seu emprego possa ser feito em caso de necessidade. TREINE E ESTUDE

 

Estamos abertos para receber na escola quem tiver interesse em se capacitar no assunto cartografia e navegação.

 

Cumprimentos

Tony Loureiro, instrutor coordenador da Escola Mestre Selva membra CONFE-SUR no RJ.

Especialista em sobrevivência, cartografia e ciências geomáticas; cartógrafo, agrimensor e topógrafo.

Contatos:

Tel/Zap: (21) 98101-5086

FB e Instagram @mestreselva

Web: cursomestreselva@blogspot.com

YouTube: mestreselva


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