Mais um módulo de navegação terrestre. Em caso de dúvidas entrem em contato
DISTÂNCIAS LINEARES
MEDIDAS DE
DISTÂNCIA NOS MAPAS, DISTÂNCIAS 2D E DISTÂNCIAS REAIS NO TERRENO
Amigos bem-vindos
novamente a mais um módulo avançado de navegação terrestre.
Nossa intenção é
fornecer informações muito carecidas na língua portuguesa, num grau de detalhe
e aplicação prática inexistente até o momento.
Este material de
estudo deve ser usado juntamente com o conhecimento prático.
Vamos agora falar um
pouco sobre distâncias. Como medimos, julgamos e avaliamos as distâncias
apresentadas no produto cartográfico (mapa, carta) a fim de termos essa parte
importante a navegação.
Bem,
identificamos um ponto de origem no mapa e um de destino. Queremos saber qual a distância entre eles para
podermos estimar nosso esforço, tempo de percurso e demais detalhes que pode
ser a exemplo se temos tempo para completar “aquela perna da trilha ainda com
luz”.
Creio que todos já
tenham entendido bem os conceitos passados nas aulas presenciais de distância, contagem
de passos e escala numérica e gráfica, de modo que não iremos focar mais neles.
Vamos dar mais atenção àquele ponto que causa bloqueio em alguns durante os
cursos: a matemática.
Mas calma pessoal! Não é matemática de foguete. É coisa simples. E o
instrutor vai tentar passar de maneira leve e direta.
Este ponto não é necessário
para navegar nem se orientar, mas é absolutamente necessário para o expert
e o avançado que queira conhecer todas as facetas da navegação e orientação.
Primeiro uma rápida revisão.
Consideremos um mapa “padrão”
com alguma indicação de escala deste. E o que seria essa tal escala mesmo? É a
relação entre a distância coberta no papel pelo mapa e a distância real equivalente
no terreno.
Tomemos a escala abaixo
como exemplo
Ela nos diz que cada 1 unidade de distância no mapa (cm, mm,
inch etc) representa 2.000 (2 mil) da mesma
unidade no terreno real. Se decidirmos “pensar” em centímetros” com nosso
mapa então cada cm medidos no mapa = 2
mil cm de “mundo real”.
Preciso conversar com
vocês sobre esse tal “mundo real” um momento. Nós da Cartografia seguimos
muitas regras, normas e matemática para converter o tal mundo real em um mapa plano
e impresso. Temos entre as metas conseguir a maior precisão dentro da escala produzida
para o mapa em questão de modo a reproduzir o “objeto” do mapa de melhor
maneira possível. Um mapa topográfico
tem um objeto diferente de outro mapa, por exemplo, de orientação, navegação
urbana, logístico, cadastral, agricultura etc., mesmo que todos eles estejam em
uma mesma escala e representando um mesmíssimo local. Assim, cortando em
miúdos, tem coisa que vai aparecer num com alta precisão (descritiva e/ou
posicional) e em outros ele nem vai aparecer ou se aparecer vai vir de maneira
tão genérica que parecerá um “mapinha de festa de criança”. Uma vez que atendam
ao “objeto” a que se originam não há problema nenhum.
Isso tudo para dizer
que a precisão nos mapas é bastante relativa e que um produto gerado por um
profissional, atendendo às normas e padrões, é incomparável a outro gerado por
amador ou entusiasta, porém ambos têm condição de atender a um objeto. O 1
(hum) para 2 mil pode não ser tão exato assim na vida real mas aproximado, e
como veremos, diferenças de alguns pontos percentuais não importarão para o
navegador. As distâncias sobre o terreno real nunca serão exatas quando representadas
em um mapa plano. O terreno natural apresenta variações imensuráveis e que não
podem ser modeladas matematicamente. Uma distância AB sobre um terreno rural
mesmo que sobre um curto espaço e sobre uma estrada feita com maquinário terá
grandes variações de medidas planialtimétricas (de distancias e altitude)
quando comparadas ao pátio de uma fábrica que teve terraplanagem com o mesmo
maquinário, porém o foco foi ter certeza de que o terreno estava no nível e as
dimensões tiveram verificações milimétricas. Mas qual a diferença? Pode ser
centímetros! 3cm, 5 cm, 50cm. Muito pouco e em nada afetará nossa capacidade de
navegar com precisão absoluta. O mesmo já não se diz dos impactos no direito
civil e cartorário... Este trabalho não vai ficar em ensinar os porquês e o quê
influencia a precisão nem como escalas e precisões são medidas ou a decisão de
qual usar pois de pouco interessam ao leigo.
O terreno tem “altos e
baixos”, que são aclives, declives, valas, rampas entre outros, que influenciam
na medição precisa. Mas como converso sempre nos cursos, eles em grande parte “tendem
a se anular” entre eles próprios visto que a escala necessária para a navegação
terrestre comporta tais diferenças. Vamos seguir com a seguinte ideia na cabeça:
as distâncias percorridas estarão bem em linha com o representado em escala no
mapa!
Fórmula básica da escala: E = d / D , onde d é a medição no mapa e D a medição real
As escalas podem ser
de Ampliação (d/D>1) quando o modelo (mapa) é maior que o real; Natural (d/D
=1) onde tudo é 1 para 1 e; Redução (d/D<1) que é o caso dos mapas de navegação,
como o 1:2000 abaixo.
A escala em questão
(1:2000) é traduzida da seguinte forma: para cada 1 unidade medida no modelo
(mapa) temos 2.000 unidades no terreno. Em exemplo, escolhemos régua centimétrica
e medimos distância AB = 1cm, de modo que esta linha AB no terreno tem na
verdade 1 cm * 2000 cm = 2000cm que convertidos em metros, para facilitar,
temos 20 metros (pois 1m = 100cm, então 2000/100 = 20
Já a escala GRAFICA nos
facilita muto a vida. Ela vem prontinha nos mostrando o tamanho do terreno no
mapa. Só precisamos transportar essa medida com o dedo, pedaço de linha, pedaço
de pau, grama ou, obvio, régua, e estimar com alta precisão a distância envolvida.
OBS: essas divisões menores na escala gráfica são o chamado talão, subdivisões, normalmente em 10 partes, na
escala que auxiliam na identificação das distâncias menores/fracionadas, e não
são obrigatórias.
Eu particularmente tenho
predileção pela gráfica pois me dá com muita agilidade a distância entre pontos
e não evolve muito cálculo.
Se a linha AB medisse
no mapa 12cm, teríamos 240 metros de terreno.
Da forma oposta, se
saímos de A com Az. X e paramos em ponto B a 240m (aproximados) de onde saímos,
sendo nosso mapa em escala 1:2.000 podemos estimar nossa localização
convertendo terreno para mapa e nos colocando a 12cm, Az. X, do local de saída!
Assim poderíamos identificar o
tal ponto B no mapa impresso.
A escala gráfica tem
um benefício de acompanhar a distorção do meio (mapa) por temperatura e umidade e experienciam das
mesmas distorções de modo que propiciam medição gráfica mais precisa.
Vamos relembrar:
Quanto MAIOR a escala MENOR será o denominador
(D) e MAIS terreno poderá ser representado,
porém com MENOS detalhe
Um desenho de 1:2.000
está em escala maior que outro em 1:10.000, mostra mais detalhes porém cobre
menos terreno.
O papo está ótimo mas
já ficou maior que era para ser. Revisão finalizada,,,,,
DISTÂNCIAS MEDIDAS
Se temos um mapa e
sabemos em que escala ele está impresso (representado) temos então condições de
facilmente estimar a distância entre pontos, comprimentos de estradas, tamanhos
e áreas de prédios, reservas etc. Mas
nem todas as distâncias são em linha reta. Algumas têm descidas e subidas,
aclives e declives e o que verdadeiramente andamos sobre o terreno não é o
mesmo que um mapa 2D representa.
Pois o eterno dilema
do cartógrafo é como representar a superfície terrestre, que é 3D, sobre uma folha
de papel 2D!
CURVAS DE NÍVEL – isoípsas – isolinhas – contorno entre
outros nomes
Uma solução encontrada
foi a utilização de linhas que representem uma mesma cota / altitude a fim de
passar ao utilizador do mapa a ideia de formato real do terreno, ou pelo menos uma
indicação dos aclives e declives presentes neste. Velha conhecida de todos nós,
as curvas de nível além de nos indicarem a inclinação do terreno nos dão uma
vista geral de qual o formato do terreno, lados mais inclinados, paredões, planícies,
localizações prováveis de cursos d’ água etc
Outro uso menos
discutido é o de calcularmos uma aproximação mais real da distância verdadeira
sobre o terreno utilizando o ganho e perda de altitude indicado pelas isoípsas
do mapa.
Pitágoras e o a2 = b2 + c2 ... (a2 =
b2 + c2)
Sendo uma distância “real”
a medição de uma perna inclinada no terreno (imagine um aclive ou declive
relativo a uma face de morro) de tal modo que a perna em questão seja a
hipotenusa de um triangulo imaginário formado pela distância
linear 2d do mapa (base do triangulo) + ganho/perda altimétrico (lado do ângulo
reto) e a própria hipotenusa (distância inclinada).
No DESENHO abaixo
temos uma representação topográfica do terreno sendo percorrido e as diferentes
medidas reais aproximadas, com precisão métrica.
Vê-se uma rota saindo
de cume com 1.000m de altitude, descendo ao nível do mar e novamente subindo
terminando em cume a 700m de altitude. Trata-se de uma situação bem incomum!!
Em 2km um indivíduo saiu de 1km de altura, foi ao mar e subiu a quase 1km novamente.
Incomum se você não é
do RJ capital 😉
Tendo um mapa na mão,
Maria estima o quanto ela vai caminhar para sair de A e ir a B na situação
acima. Ela usa a escala gráfica ou numérica do mapa e chega a distância linear (em
linha 2D) de 2.285 metros entre os pontos, em linha reta. Mas ela tem ciência
da situação inusitada de seu terreno e que irá vencer desníveis de mil metros. Ela
toma a distância em linha reta apenas como “informativa” e mínima da real.
As outras distâncias são a inclinada direta e a inclinada segmento-a-segmento.
Distância Reduzida Inclinada (DI)
Mais realista para Maria,
esta distância é a distância real não plana entre 2 objetos diretamente
ligados. É a distância considerando um aclive ou declive de x% entre 2 pontos.
E é a hipotenusa de nosso triangulo. Ainda não é a distância que Maria andará
entre A e B, mas sim a distância entre Maria e B considerando a diferença de
cota (altitude) entre esses 2 pontos.
Obviamente esse cálculo
esbarra em termos a representação altimétrica local para trabalharmos o que
muitas vezes não temos acesso a carta IBGE ou afins que supra tal necessidade.
Podemos claro criar tal produto mas isso fica para o nosso módulo de
cartografia digital pois não há como encurtar para caber aqui.
E como calculamos tal
distância inclinada? Vamos chamar o Pitágoras novamente....
Precisamos calcular:
(1)
O diferencial
de altitude entre A e B (1000 – 700 = 300m)
(2)
A distância
linear calculada com a escala do mapa (2.285m)
DI = raiz_quadrada de
( 3002 + 2.2852 )
DI = raiz_quadrada de
(5.311.225m)
DI = 2.304m
O que isso significa?
Significa que se Maria fosse esticar uma linha reta sem “barriga” entre A e B,
por causa do desnível de 300m de altitude entre os pontos, ela precisaria de uma
linha de 2.304 metros, um adicional de 19 metros ( 2.285 – 2.304 ) devido a
inclinação que aumenta a distância real entre os pontos.
Se fosse só isso ótimo. Teríamos na verdade uma rampa com inclinação
constante entre A e B e desnível de 19 metros – que equivale a 0,83% de
diferença. Muito pouco! Nem vale esquentar a cabeça do navegador por causa de
diferenças de distância entre pontos por causa de desnível.
Eu ainda iria mais
longe. Diria que 10% ou até maiores um pouco de “erro” na distância pouca
diferença faria para minha navegação em campo. Andei 1100 e não 1000 metros....
O que nos leva ao próximo
tópico... E se os desníveis fossem grandes e frequentes ao ponto de influenciar demais
o cálculo?
Distância Reduzida Inclinada Segmento-a-segmento
Nada mais é que a
melhor aproximação (e a mais trabalhosa) da distância real sobre o terreno
utilizando-se um “encadeamento” de distâncias inclinadas diretas, calculando a
DI entre diversos pontos intermediários até se chegar ao destino (Pense no “visada-progressão”).
DI (AB) = DIA1 + DI12 + ... + DIn-B
Aqui não se trata de
meros 19 metros em 2km. Mas sim de sair dos mil metros, desce uma longa
encosta, andar sobre uma planície e depois ainda subir outra encosta e terminar
em ponto bastante alto. Caso real que acontece em travessias na Serra do Mar
por exemplo. Imaginemos que ao invés de 1000m – zero – 700m fosse 2200m – 1200m
– 1900m! Os mesmos 19 metros de DI, com os mesmos 300m de perda de altitude entre os pontos A e
B
MAS ESPERA AÍ! Isso está errado! Não estou considerando
o ganho e perda ACUMULADA de altitude!
Verdade. Até agora não
estávamos. Pensávamos como se nossa trilha fosse uma “rampa”, lembram? Como uma
estrada reta com inclinação constante.
Se formos levantar que
a maneira de calcular com perfeição a distância é através do conceito de limite
do cálculo diferencial muitos já vão pular fora. Então não iremos seguir
assim. Vamos aproximar o cálculo o
suficiente para atender a nossa necessidade de navegadores terrestres e não dos
topógrafos e engenheiros. Uma redução sucessiva das distâncias inclinadas via triângulos
pequenos com distancias curtas nos levaria a um erro acumulado desprezível,
porém aqui vamos facilitar o cálculo apenas para 3 triângulos – que deixo ao
encargo do leitor a fim de que treine! – porém cujo resultado ponho abaixo no
mesmo desenho.
As linhas pretas são o
trajeto (rota) inclinado simplificado para nosso cálculo de 3 pernas (A – base do
vale no ponto 1 e final do vale ponto 2
cujo comprimento é de 1.012m – B).
A amarela é a distância linear calculada pela escala do
desenho entre A e B, e a vermelha é a DI direta entre os pontos A e B
Maria irá andar aproximadamente 2.984 metros se desce de A em direção ao
vale, atravessar este vale e subir a cumeada até B.
Um aumento de quase
700 metros (699m) que andará a mais que
o calculado pela escala. Um aumento de 31% na estimativa linear.
Será muito?
Creio que não.
Considerando o relevo da situação imaginária bem incomum, na maioria das vezes
as pernas que mediríamos estariam bem mais “planas” de maneira que a medição
pela escala do mapa atende perfeitamente a estimativa de distâncias na grande
maioria dos casos.
Por que distância “REDUZIDA” Inclinada? Existem diversas fórmulas de cálculo de distância inclinada usadas na
topografia, inclusive as reduções por seno e cosseno. Mas a praticidade e
precisão da apresentada aqui retira a complexidade do assunto necessária para
todas as outras, além de poder ser aplicada diretamente sobre qualquer mapa topográfico apenas
com a distância pela escala e a diferença de altitude dada pelas curvas de
nível.
Uma outra forma mais
precisa de calcular a distância reduzida na engenharia é incorporar o raio da
terra como fator de ponderação, conforme abaixo:
K = Re*sqrt(((D-(H2-H1))*(D+(H2-H1)))/((Re+H1)*(Re+H2)))
Onde Re = raio da
Terra em Km (6.378km)
6378000*sqrt(((2304-(1000-700))*(2304+(1000-700)))/((6378000+700)*(6378000+1000)))=2284.081
O resultado não nos
traz diferença que justifique o trabalho extra. Mais vale usar uma forma
simples de triângulo e Pitágoras.
Como para o navegador
/ orientista independe qual projeção cartográfica foi utilizada, o raio da
terra , curvatura, etc o trabalho fica mais simples sem precisarmos entrar em
problemas de trigonometria. Mas os mais interessados podem aguardar pois o
módulo sobre matemática para navegação também estará disponível, inclusive
incorporando distancias reais em SGR.
-------
AGORA QUE VOCÊ JÁ APRENDEU
MAIS ESSA TÉCNICA DE NAVEGAÇÃO, EMBARQUE NUM PRÓXIMO WORKSHOP OU CURSO NOSSO DE
VENHA PRATICAR E VER EM CAMPO COMO FUNCIONA.
Esperamos que esta
introdução tenha sido proveitosa para a compreensão da técnica gráfica de
triangulação e de forma didática para que seu emprego possa ser feito em caso
de necessidade.
TREINE E ESTUDE
Estamos abertos para
receber na escola quem tiver interesse em se capacitar no assunto cartografia e
navegação.
Cumprimentos
Tony Loureiro,
instrutor coordenador da Escola Mestre Selva membra CONFE-SUR no RJ.
Especialista em
sobrevivência, cartografia e ciências geomáticas; cartógrafo, agrimensor e
topógrafo.
Contatos:
Tel/Zap: (21)
98101-5086
FB e Instagram
@mestreselva
Web: cursomestreselva@blogspot.com
YouTube: mestreselva
#navegacao #mapaebussola #orientacao #mateiro #landnavigation #mapreadingskills
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Participe de nossa página deixando comentário e idéias. Grato, guerreiro(a)!