segunda-feira, 19 de julho de 2021

Navegação Terrestre - LINHAS BASE – AVANÇADO MANTENDO-SE NO CURSO

Módulo sobre orientação e navegação. Em caso de dúvida entrar em contato. 


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Descrição gerada automaticamenteLINHAS BASE – AVANÇADO

MANTENDO-SE NO CURSO

 

Agora que já estudamos o assunto TRIANGULAÇÃO e como podemos usar esta técnica para nos localizar vamos ver outro tópico avançado onde veremos como podemos nos manter em curso usando pontos de referência no terreno.

OBS: caso você não tenha visto a explicação sobre triangulação não esqueça de correr atrás dela.

O que precisamos?

Uma bússola apenas.

Papel, caneta, radio, celular etc são itens optativos 😉

 

Mas o quê é uma LINHA BASE afinal? Vamos descomplicar, tirar vocabulário técnico do caminho e ir direto ao ponto. Uma linha base é uma direção escolhida cuidadosamente pelo navegador e tomada como eixo (BASE) para sua orientação em campo. Como falamos na Escola MS, “está orientado? Então navegue!”  É uma direção (azimute) de referência que escolho para me orientar em campo ou sobre um mapa de modo a manter um curso fixo em progressão pelo terreno. Por quê cuidadosamente escolhida? Pois ela servirá de guia para a maior parte de sua progressão e muitas vezes a única informação de alinhamento que você terá para saber aonde está seu destino, acampamento etc.

E o quê seria um alinhamento aqui? É a reta definida por uma visada de azimute.

Exemplo: Mário para seu veículo em estacionamento à beira da Praia da Vega para fazer uma trilha morro acima. Deste ponto ele consegue apenas ver sobre a floresta fechada o cume de o que crê ser seu destino (Morro dos Patos). Ele não tem ideia do zig-zag, distância nem nada que a trilha fará mas por via das dúvidas ele toma uma linha base para sua trilha, tirando a visada com a bússola de onde tem boa vista (visada) ao ponto de referência (cume do Morro dos Patos), verificando que seu alinhamento entre o início da trilha e o destino possui azimute 40 graus (Az. Inverso 220 graus). Ele não sabe que direção a trilha lhe levará mas agora definida sua linha base ele com a técnica certa e prática que tem sabe que conseguirá manter-se no curso e ao final da trilha, voltar ao carro.

Desorientados por vezes. Perdidos nunca!

Não confundir linha base com Azimute (linha/rota) de Fuga! Isso é outra estória e vamos tratar dele depois já que já teremos triangulação e linhas base bem entendidas.

 

QUANDO USAMOS A LINHA BASE?

Sempre que formos partir de local conhecido ou estação (ponto de parada como um acampamento) em direção desconhecida, quando pudermos por mapa/carta ou visada estabelecer uma referência cuidadosa de onde estamos. O intuito de estabelecer uma LINHA BASE é ser capaz de navegar de volta ao ponto de saída (ex. acampamento) ou estabelecer rota até destino.

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Descrição gerada automaticamenteJá devem estar lembrando daquela estória “visada-progressão-visada-progressão” que tanto falamos durante nossos workshops.... Quem já ligou uma coisa a outra já pode pular e ir direto para a parte de como voltar à rota... 😊

Uma vez estabelecida uma linha base para minha progressão eu devo ao máximo tentar me manter nela, sempre que possível e o quanto antes ajustando meu alinhamento a fim de coincidir com ela.

 

Vamos então para a visualização de o que aprendemos até agora. Considerem o mapa abaixo:

Mapa

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Vamos introduzir nosso cenário rapidamente para compreensão pois usaremos ele até o final do assunto. MESTRE SELVA (MS) foram acampar em uma zona bem montanhosa no estado do RJ onde as elevações saem de 0m a 1000m abruptamente. O local escolhido para armar a barraca é uma clareira em platô com vista aos cumes em volta, próximo a riacho e com acesso fácil a trilhas para escalada em rocha. MS convidaram um amigo, aqui Jeremy, para encontrar com ele mas como a recepção de GPS lá é bem ruim e o local grande, a precisão da localização foi ruim de modo que MS informa que o local exato onde a clareira se encontra está alinhado com Az. 291 da face de rocha do Pico do Eco com Az.232 graus do Paredão UEJ (P.UEJ) e que ela deixaria um totem após o cruze do rio marcando o local na trilha mais próximo de entrada pela trilha Sudoeste que Jeremy pegaria (ponto mais próximo de sua casa). A clareira está em algum local sob o sopé do Pico do Eco (P.E.) entre a Encosta do Tadeu e o Morro do Ito. Sendo Jeremy um proficiente e expert navegador, isto já basta!

Az. 291 da face de rocha do Pico do Eco – MS definiu uma LINHA de BASE e fixou a localização exata para seu acampamento com o segundo alinhamento P.UEJ  (Az.232) que passou. Vemos aqui o uso da TRIANGULAÇÃO para fixar uma posição e linha base de operações!

Tranqüilo que Jeremy chegará ao acampamento nas próximas horas, podemos agora explorar o complexo de morros e picos e procurar os tesouros que as matas fora das trilhas podem esconder.

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Descrição gerada automaticamenteATENÇÃO: Não utilize este material para tentar a sorte saindo das trilhas nem se expondo a riscos de que sua capacidade técnica não suporte. O cenário aqui exposto é lúdico. Este material mesmo que com intuito de ensinar técnicas avançadas de posicionamento não é substituto para um curso prático de formação com profissionais capacitados e o autor não se responsabiliza por má utilização deste material ou escolha de tomada de risco acima de sua capacidade física e/ou técnica e quaisquer riscos advindos disto. Algumas atividades envolvem riscos reais.

MAS SERÁ QUE SABEREMOS VOLTAR PARA O ACAMPAMENTO SE DEIXARMOS A SEGURANÇA DESTE, AINDA MAIS DAS TRILHAS BEM-MARCADAS?

Vamos ver como um ponto fixado por alinhamentos e linhas base são usados para atingir este objetivo e outros adaptados.

 

Mas antes, vamos rever do Módulo I de Navegação Terrestre como seguir um curso pré-determinado (LINHA BASE) sucessivamente até atingir um destino.

“visada-progressão-visada-progressão-visada-progressão...”

Ela novamente.

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Descrição gerada automaticamenteDiagrama, Mapa

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Descrição gerada automaticamenteNo diagrama acima temos o terreno aproximado da #montanhadaserpente e hoje é dia de continuarmos o reflorestamento do lado oposto, mais ao Norte, de nossa área. Trata-se do reflorestamento de encosta íngreme situada a uns 900m do Brejo da Serpente; um terreno muito acidentado e entre nós e o ponto de parada no último ataque com as mudas existe um vale com rio e floresta densa que impossibilita qualquer visada.

Então qual o problema? Eu poderia usar o GPS! A precisão não é excelente, mas está dentro dos 20m e conhecemos bem nossa mata, mesmo que errássemos o caminho em linha reta ainda assim chegaríamos ao destino.  MAS “TEM UM PORÉM”,

É inviável carregar enxadas e diversos outros equipamentos toda vez que fazemos um trabalho, e deixar na encosta é exposto demais a olhos desconhecidos. A solução é deixarmos em local seguro dentro da mata (aqui marcado como o triângulo vermelho), porém não temos esse último local marcado no GPS! Sabemos entretanto que ele está ao Sul do córrego dos Afonsos e a Leste de clareira em cume de morrete  - e este morrete (Ponto 1) conseguimos ver nitidamente de ambos os lados do vale.

LINHA DE AÇÃO:

1)      Nos deslocamos para a esquerda sobre a cumeada até estarmos em posição onde tanto o morrete quanto o ponto de destino estejam alinhados. Este alinhamento será então nossa LINHA BASE!

2)      Tiramos o azimute do alinhamento (LB), neste caso do Ponto A ao Ponto B, passando pelo morrete Ponto 1

3)      Executamos a “Visada-Progressão” de  A até  1 descendo a encosta nordeste , seguindo sempre o mesmo azimute.

4)      Ao chegarmos em 1, executamos rápida procura a NE abaixo do rio pelos equipamentos e voltamos ao sopé do morrete e continuamos seguindo o mesmo azimute.

 

No último passo (passo 4) poderíamos claro seguir direto ao destino sem retornar ao alinhamento visto que conhecemos o terreno, visto que o que realmente queríamos era não perder tempo na coleta dos equipamentos.

 

Vimos aqui de maneira curta com apenas 1 perna como proceder em progressão sobre uma linha base. Muito comumente iremos realizar esta operação de INTERMEDIAÇÃO de PONTO / VISADA / PROGRESSÃO diversas vezes a fim de chegar ao destino. Esse é uma habilidade difícil de dominar. Vamos falar mais disso dando mais exemplos. Mas agora vamos seguir com o tópico anterior.

 

Voltando a MS e Jeremy e seu acampamento selvagem, como deverão eles proceder em seus deslocamentos  DE / PARA o acampamento e as áreas de interesse a fim de não se perderem, tendo apenas uma bússola? Vamos usar as linhas-base , alinhamentos, visadas para responder a essa pergunta agora.

 

Começando por Jeremy que chegará via Leste e ao final do dia. Ele sabe que o acampamento está locado exatamente na intersecção dos Azimutes (Az.) visados  291 e  232; porém isto só é verdade para a linha-base do acampamento. Jeremy está a quilômetros a Leste deste ponto e caso tentasse seguir tais azimutes de onde irá entrar pela trilha ficará igualmente a Km do acampamento...e perdido. Ele sabe então que precisa confiar em sua bússola e seguir a Noroeste pela trilha até que esteja em local onde a Uma imagem contendo Círculo

Descrição gerada automaticamentevisada a face de rocha do Pico do Eco esteja coincidindo com Az. 291. Ele caminha por 30 min e vê pela primeira vez a face alvo. Verificando a bússola tira Az.60 graus. Como seu sentido de deslocamento é Noroeste sabe que quanto mais andar maior será o Az. Lido, pois então continua seguindo na trilha. Mais diversos minutos, ele chega em descampado e tira novo azimute ao Pico, desta vez Az.83 graus. Verifica que está realmente no sentido correto e que em breve deverá estar no PONTO de ALINHAMENTO da LINHA BASE do acampamento com o P.E. Caminha mais poucos minutos quando começa descida íngreme do descampado e verifica que agora está alinhado ao Az. 291, que na verdade vocês já devem ter percebido pois falamos sobre isso no material sobre triangulação, Jeremy precisa na verdade tomar o AZIMUTE INVERSO ao passado por MS ! Deste modo  Az. 60, 80, 111 graus... (sendo 111 graus o Az.Inv. de 291). Quando sua bússola estiver alinhada com o Az. 111 graus ele estará sobre a linha base passada. Aqui até o momento passamos os azimutes pelo inverso a fim de forçar o leitor e pensar exercitar o aprendido e a pensar que muitas vezes temos que ajustar nossa perspectiva a de quem dá origem à informação!

Ele então usa a segunda peça de alinhamento que possui (Az. 232 graus que inversos são 52 graus) a fim de se posicionar corretamente em relação ao acampamento. Percebe que está longe do ponto, estando mais de 60 graus fora. Porém calcula sua posição e segue a NO pela trilha a fim de encontrar o ponto onde tenha na bússola o P. UEJ com Az. 52 graus e P.E. com Az. 111 graus. Ele desce a ravina até encontrar uma BIFURCAÇÃO. Tomando a que desce a NO, poucos minutos mais tarde verifica que passou do alinhamento de 52 graus o que é alerta que passou do local correto. Ele então volta e testa a trilha que descia a Oeste e verifica que a bússola volta a se alinhar e que o Az. Ao P.E. também está mais próximo do correto. Mais poucos minutos ele encontra nova bifurcação, mas já atento que deve “voltar” a SO (sudoeste) ele segue na direção P.E. até que finalmente verifica o totem deixado por seu amigo. Uma rápida busca o leva a um ponto onde ambos os pontos de referência se alinham com o informado pelo amigo e o acampamento está exatamente onde deveria!

Depois dessa descrição, nada melhor que um desenho para esclarecer o que Jeremy fez, não acham!? Vamos então ao terreno como ele verdadeiramente é, e que explica as subidas e descidas da rota, bifurcações etc.

Mapa

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Descrição gerada automaticamenteA imagem mostra a trilha em floresta densa e fechada, e as clareiras e pontos de visada que o caminhante utilizou para navegar.

 

Qual a diferença entre a sala TEORIA, um VÍDEO no YOUTUBE e a PRÁTICA? A diferença é sala de aula versus adversidade do meio! De um lado você tem grid de coordenadas, mapa colorido, google para tirar dúvidas e alguém lhe dizendo o que e como fazer. Do outro você tem que se garantir sozinho e manter o curso sob condições adversas e onde o objetivo não pode ser visto. Prepare-se corretamente. Busque conhecimento sólido junto a profissionais com experiência e pratique antes de aventurar-se.

 

Vamos praticar outro cenário?

No dia seguinte decidem que vão ao Paredão UEJ (P.UEJ) dar uma escaladinha. A falésia tem diversas vias de escalada livre fantásticas e todos os instrutores da escola são escaladores e guias de montanha. A oportunidade de escalar durante um acampamento não é algo que acontece todo dia. A trilha de acesso ao P.UEJ é um vara-mato, mal definida e pouco frequentada, e nenhum deles tem experiência neste pedaço de trilha de modo que estão navegando sem conhecimento prévio do terreno e rota (no vocabulário dos escaladores, “à vista” / “on sight”). KMON!

De que dispõe para navegar com segurança?

·         Uma estimativa de distância

·         A direção do destino

·         Uma bússola

·         As linhas-base e alinhamentos já estabelecidos para o acampamento, onde se inclui o azimute acampamento – Paredão UEJ (Az.52 graus)

Saem em direção Oeste deslocando-se pela trilha até o cruze do rio. Jeremy  fala que há outro cruze mais a cima e que ontem entrou em trilha saindo daquele cruze. Como não sabem se esta trilha ou a de cima é mais curta ou mesmo se chegam ao mesmo destino, decidem por tomar esta mais próxima.

O navegador deve sempre estimar o tempo que levará de um objetivo a outro pois este detalhe lhe será de grande importância para saber se ainda está na rota correta ou se desorientou e precisa reavaliar.

Em torno dos 20 minutos dão de encontro com um paredão descendo a trilha. Avaliam que dada a distância e a orientação que estavam seguindo trata-se de paredão errado, possivelmente a Encosta do Tadeu, face pouco inclinada e sem interesse para eles. Continuam em mata densa agora sem qualquer visada até iniciarem subida íngreme na trilha por vários minutos margeando a Encosta do Tadeu. Em certo ponto conseguem avistar um paredão distante, semelhante ao P.UEJ e tiram Az. 136 graus. Agora aplicarão este azimute na navegação (“visada-progressão”) até conseguirem chegar à base do paredão avistado.  Mais acima nova bifurcação, mas seguem o Az. na bússola para a direita (Leste).

 

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Descrição gerada automaticamenteAlguns leitores devem ter se perguntado por que digo “a rota segue oeste” em casos que o azimute está claramente no primeiro quadrante (Leste).... É erro? Nada disso!

AZIMUTE  e DIREÇÃO de DESLOCAMENTO não são a mesma coisa. O uso da linguagem aqui é proposital a fim de expor o leitor a uma complexidade extra. Em muitos casos essa diferença é exatamente o que nos indica como ajustar nossa rota.

Pouco acima chegam ao Paredão UEJ . Excelente! E verificam que continuaram no alinhamento Az. 136 graus. Após a escalada, voltam ao acampamento. Como estão alinhados com o Az. 136 graus e o acampamento está alinhado com Az. 52 graus, é obvio que devem seguir na direção Nordeste (para a direita da trilha) até alinharem-se.  Tomam o risco de ao invés de voltarem pelo mesmo caminho, seguirem com a informação de Jeremy de que havia trilha mais a cima e como o alinhamento dela está no sentido correto, julgam que podem experimentar segui-la pois vindo por cima pode ser mais rápida e tranquila.  Assim o fazem e chegam ao cruze do rio correto, percebendo que estão no sentido correto descendo ao Az. 52. Mais poucos minutos reconhecem o segundo cruze do rio e sabem que chegaram ao acampamento.

 

O navegador competente há de fazer tais julgamentos e estar certo de suas capacidades e ciente das decisões que toma. Quando você estiver navegando fora de caminhos conhecidos NÃO CONFIE nos seus sentidos de navegação. Confie na bússola e nas técnicas aprendidas.

 

MAS COMO DECIDIMOS QUAL ROTA SEGUIR NUMA SITUAÇÃO INUSITADA E TERRENO DESCONHECIDO?

Pelo exemplo acima já é possível ter uma ideia de como definimos rotas e como progredimos sucessivamente de ponto a ponto até chegarmos ao destino. Porém vamos ver um exemplo gráfico novamente , com mais uma análise realista de caso a fim de deixar um pouco a teoria de lado.

No mapa abaixo, produzi uma mapa de relevo de uma região montanhosa ao Norte do RJ quase ES e o cenário é o seguinte:

Expedicionários em travessia estudam rota de saída para terminar seu trekking. O destino final é o vilarejo no sopé de um dos picos, onde existe serviço de ônibus para voltarem, além de instalação e restaurantes. O terreno é montanhoso, muito acidentado e com grande desníveis e ravinas. A altitude dos picos gira em torno dos 1300m e a segurança da rota nesta volta final é importante para o grupo.

Eles têm: MAPA (o abaixo) e bússola, além de um bom nível de conhecimento.

Decidem então estudar o mapa e sabendo onde estão (pico exato) e onde está o término da jornada, podem calcular sua rota e estabelecer qual caminho seguir. Do alto do Pico mais alto (alt. 1.630m) eles têm visada do pico situado ao destino e dos picos maiores ao entrono, além de uma boa vista dos vales, que confrontando com o mapa em mãos, provém toda a informação necessária para sua decisão.

É a primeira vez de todos e nenhum deles têm informações confiáveis a cerca dos caminhos a serem tomados.

 

 

 

 

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Descrição gerada automaticamenteO MAPA em revelo. Estando em A, com destino a C, qual rota seguirão?

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Descrição gerada automaticamenteMapa

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O triângulo formado mostra o azimute do alinhamento + a distância plana entre eles. As cores, neste mapa hipsométrico, mostram pontos de maior altimetria (altitude) nas cores mais escuras e avermelhadas, enquanto os pontos mais baixos vão clareando passando a amarelo e finalmente verde. Fica claro que o caminho AC embora linha reta tem que cruzar diversos lances complexos além de adentrar um vale acidentado. Já o caminho BC mostra uma perda altimétrica grande em direção ao destino, e um vale muito mais transitável, talvez até com uma estrada de terra tronando o trajeto mais seguro e fácil.

Deste modo, com as informações que têm em mãos eles decidem:

1)      De A  têm visada direta a C, de modo que irão estabelecer AC como sua LINHA BASE (em vermelho), Az. 40 graus e distância 21 km

2)      Decidiram seguir de A para B e de B então para C como falado, assim descerão a cumeada por vale que facilitará a navegação retirando complexidade desta, e em B encontrarão já outro vale, este já descendo em direção ao vilarejo. O caminho fica com 5 km a maior, porém reduzem a complexidade e muito provavelmente o tempo de deslocamento com mais segurança. Assim, AB tem Az. 356 graus e 11km e BC Az. 70 graus com 15 km. Total 26 km porém já desembocando diretamente sobre o vilarejo e sendo guiados pelo vale num único azimute.

Ainda, podem decidir tomar pontos de referência ao longo das pernas (AB ; BC) a fim de verificar o curso via triangulação, que já vimos anteriormente. Partindo de A seguem Az.356 graus até o ponto no vale abaixo de B e de lá seguem Az. 70 graus vale abaixo até o destino.

 

MAS E SE O PERCURSO  ATÉ B FOSSE SEM VISADA DIRETA...

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Como vimos, de A é possível ver o vale até B e eles sabem que o caminho pode ser feito sem se perderem e sem a necessidade de estabelecerem linhas base auxiliares. Mas e se houvesse entrada em floresta ou ao invés deste vale “limpo” estivessem na cumeada de um completo de montanhas? Daí a desorientação seria fácil de ocorrer.

Acho que temos que detalhar mais a técnica... vamos lá:

Antes de continuar, vamos deixar claro que linha-base, alinhamento, visada, handrail, etc são termos usados por diferentes especialidades de profissionais (cartógrafo, topógrafo, orientista amador, etc) para falar de um mesmo conceito geral, e muitas vezes as pequenas diferenças entre tais termos não impactam na precisão dos objetivos intencionados. Então vamos lá.

Podemos estabelecer então várias linhas base ao longo de nosso trajeto a fim de garantir que estejamos mantendo o curso programado? SIM.

 

 

 

E quanto a sabermos se atingimos o objetivo conforme havíamos planejado?

VISADA-PROGRESSÃO

Bom, já vimos bem o conceito de AZIMUTE INVERSO / CONTRA  AZIMUTE e ele deve ser usado sempre que necessitemos verificar que estamos na rota correta – no azimute correto. De que maneira?

Lembram do homem bússola, homem passo, homem ponto? E as diversas variações a técnica de progressão em terreno...tem a finalidade de propiciar sempre uma linha reta de visada (ponto chave aqui) para uma progressão segura no azimute desejado. Quando enviamos alguém à frente é para essa pessoa seguir até o objetivo estabelecido e lá parar; uma vez lá, ela pode tirar o contra azimute de onde está até a origem de onde partiu e assim verificar se saiu da rota.  Exemplo: Maria envia João até a rocha 200m no Az.180 e ao chegar na rocha João tira o azimute da rocha para Maria e verifica que ela está no Az. 360 graus. Como 360 (=zero) é o Az. inverso de 180, eles estão alinhados e o destino foi atingido.

No caso de estarmos sozinhos a técnica “visada-progressão” necessita de improvisação e objetos intermediários com visada direta serão usados, substituindo o/ companheiro/a de progressão. Sucessivas visadas seguidas de progressão até o ponto visado (alvo) são feitas até se atingir o final do percurso.

Deste modo:

Navegando sobre uma LINHA BASE A-B com Az. X:

1)      Parte-se de A  com Az.X até o ponto 1 distante de A porém visível.

a)       Em 1 verifica-se pelo contra azimute se A e 1 estão alinhados

b)      Ainda em 1 tira-se a visada do ponto 2 com Az. X

2)      Chegando no Ponto 2, vindo de 1 com Az. da linha base

a)       Verifica-se se o Ponto 1 está no contra azimute de X

b)      Ainda em 2 escolhe-se o ponto 3 e segue-se para ele com Az.X

 ( ... )

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Descrição gerada automaticamente12) Chegando no ponto 12, vindo de 11 com Az. da linha base

                a) verifica-se que o contra azimute está correto visando 11.

                b) visamos B, nosso destino que deve estar no Az. X e seguimos até ele

 

É um processo trabalhoso, mas sem mistérios. O navegador precisa de atenção, sistematização de suas ações e o conhecimento solidificado.

 

Vamos ficar por aqui neste assunto pois já temos 10 páginas e estudar os casos mais complexos nos nossos workshops e aulas virtuais. Foi um prazer tê-los conosco.

Início de outro módulo....

 

 

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AGORA QUE VOCÊ JÁ APRENDEU MAIS ESSA TÉCNICA DE NAVEGAÇÃO, EMBARQUE NUM PRÓXIMO WORKSHOP OU CURSO NOSSO DE VENHA PRATICAR E VER EM CAMPO COMO FUNCIONA.

 

Esperamos que esta introdução tenha sido proveitosa para a compreensão da técnica gráfica de triangulação e de forma didática para que seu emprego possa ser feito em caso de necessidade.

TREINE E ESTUDE

 

Estamos abertos para receber na escola quem tiver interesse em se capacitar no assunto cartografia e navegação.

 

Cumprimentos

Tony Loureiro, instrutor coordenador da Escola Mestre Selva membra CONFE-SUR no RJ.

Especialista em sobrevivência, cartografia e ciências geomáticas; cartógrafo, agrimensor e topógrafo.

Contatos:

Tel/Zap: (21) 98101-5086

FB e Instagram @mestreselva

Web: cursomestreselva@blogspot.com

YouTube: mestreselva

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